A proposta de Cosmos é fazer da ciência algo palpável, familiar e interessante. Foi apresentada originalmente pelo astrônomo, astrofísico e astrobiólogo Carl Sagan (1934-1996), grande divulgador científico, em 1980 com o título "Cosmos: Uma Viagem Pessoal".

Sagan encantou milhões de pessoas ao redor do planeta contando a história do universo com seu jeito carismático, simples e objetivo. Ele ainda expôs colaborações com a Agência Espacial Norte-Americana (NASA). É o caso do envio dos discos de ouro nas naves Voyager. 

A série se baseia num livro homônimo de Sagan, contendo 13 capítulos que foram todos televisionados na mesma quantidade. Até o fim da vida, o cientista publicou mais de 280 trabalhos científicos contendo detalhes do sistema solar e dos estudos da vida fora da terra.

Levou para a TV o calendário cósmico, do livro Os Drações do Éden (1977), em que relaciona os meses do ano aos períodos significativos da formação da terra e da civilização humana. Cosmos ainda apresenta a nave da imaginação, que nos conduz do micro ao macrocosmos.

Estes assuntos estão na continuação de Cosmos: Odisseia no Espaço (2014), novamente produzida em 13 episódios por Ann Druyan (viúva de Sagan) com o auxílio de Seth MacFarlane. Aqui o posto principal é do astrofísico Neil deGrasse Tyson, que tem a missão de encantar uma geração imersa na miscelânea de signos da Sociedade de Informação. 

Para se ter ideia: em um episódio analisamos a superfície tóxica de mercúrio; no outro, apreciamos o genoma humano. Animações nos introduzem à descoberta do método científico por Ibn al-Haytham, os experimentos de Michael Faraday, o minucioso estudo da composição das estrelas de Annie J. Cannon e Cecilia Payne e à trajetória de Isaac Newton.

Assim, somos reconduzidos a uma fascinante e esteticamente inspiradora viagem pelo espaço-tempo. As duas versões de Cosmos não se restringem ao estudo da física. Os episódios trazem relações com biologia, astronomia, medicina, química, além de emprestarem vários conceitos das ciências sociais, aplicadas, formais e da vida nas reflexões sobre o universo.

Cosmos teve um salto de investimento, o que propiciou à série alcançar um público bem maior. Isso sem abandonar o rigor, o pensamento crítico e a pesquisa inerentes ao fazer científico. É desta forma que encaramos os fatos com cetiscismo, desvelando atos de má-fe.

Em certo ponto da temporada, vemos como isso custou a vida de Giordano Bruno. Nascido na Itália em 1548, este teólogo, filósofo, escritor e frade defendia, entre outras coisas, a expansão infinita do universo. Visto como louco, foi condenado à morte pela Inquisição.

A série trabalha temas como estrutura do universo, teoria evolutiva, multiversos, vida inteligente fora da terra de modo dinâmico e didático. O principal objetivo aqui é de que aprendamos com nossos erros, para que sejamos capazes de impedir a destruição da natureza. Afinal, é o futuro da humanidade que está em jogo.