Jornalista formada pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO-UFRJ), Katiúscia Vianna, ama fanfics e chegou a criar histórias sobre a novela Rebeldes. Tem um blog e escreve para o site Adoro Cinema. Leia nosso bate-papo: 
 
Quando e como você começou a se envolver com fanfics?
KV: Comecei lendo histórias do RBD [Rebelde] na adolescência, por comunidades do Orkut. As fanfics ainda eram chamadas de "web novelas", poucas em português. Minha motivação era ler histórias de Alfonso e Dulce juntos, que não eram um casal na novela. No mundo das fanfics, tudo pode acontecer! Na faculdade, estudei mais sobre o tema.
  
Como leitora, o que você mais gosta de encontrar nas tramas?
KV: Prefiro histórias inteligentes, diferentes, dramas que não são exagerados e pitadas de humor (adoro histórias engraçadas). Como me prendo por detalhes, aquele autor que tem cuidado com a história me conquista. Tento fugir de tramas muito clichês tipo "fã encontra ídolo e em um segundo se apaixonam". E também de erros de português.
 
Acreditas que as fanfics podem ter função educativa?
KV: As "fics" são belos exercícios de leitura. Você começa lendo sobre sua série favorita e passa a se interessar por livros com temas parecidos. Sem falar nas fics que viram livros! Sites de fanfics criam comunidades virtuais e ensinam seus integrantes como participar de um grupo. É um mundo paralelo, que reforça o mundo "real".
 
Você tem a sensação de coletividade ao ler e comentar fanfics?
KV: Com certeza. Uma boa fic mobiliza leitores. Une fãs que não só compartilham seu amor por algo retratado em uma série, como também por aquela história específica. Você cria amigos ali, ri, sofre... é como "comentar novela no salão de beleza". 
 
Acreditas que há uma noção pejorativa sobre fanfics?
KV: O próprio termo "fã" carrega essa visão pejorativa. As pessoas ouvem essa palavra e já pensam em menininhas loucas, pulando de um lado pro outro, gritando pelo Justin Bieber. Sei lá, as pessoas não enxergam a complexidade do universo das fanfictions.
 
O universo das fanfics é realmente inclusivo e participativo?
KV: Qualquer um pode entrar em um grupo de fãs, ler e escrever sobre o que ama. Claro que às vezes, dependendo do fandom, tem uma hierarquia. Mas creio que na maioria dos casos, há liberdade e vontade mútua de incluir mais pessoas nos grupos.