Durante a Idade Moderna, a Dinastia Tudor (1485-1603) iniciou por Henrique Tudor, nobre que não pertencia à linha de sucessão direta à coroa da Inglaterra. Até então, o poder se alternava entre os Lancaster e os York. Por uma manobra, Ricardo III (da Casa York) foi coroado. Deste modo, a família Lancaster deu seu apoio a Henrique para disputar o trono. Após a Batalha de Bosworth Field, os Tudor mataram Ricardo III e Henrique VII se proclamou rei, casando-se com Elizabeth de Iorque para evitar maiores incômodos. 

A partir daí, a turbulência religiosa na Inglaterra só se elevou e muitas pessoas morreram por conta das conflitos entre protestantes e católicos. É um período marcado pelo rompimento da monarquia inglesa com Roma. Da ruptura, surgiu o Anglicanismo, igreja reformada da Inglaterra diretamente ligada ao rei. Apesar da supressão de monastérios e permissão para os padres se casarem, a doutrina tem base no catolicismo. 

O responsável é o sucessor de Henrique VII citado acima, que passou a se chamar Henrique VIII (1509-1547) e ficou famoso pelas muitas esposas. Tal feito só foi possível com ajuda de um sujeito que integrou sua corte de 1500 a 1540. Era Thomas Cromwell. Wolf Hall volta à história mais do que contada dos Tudor, mas agora pela ótica deste intrigante e pragmático estadista. 

Thomas Cromwell teve origem humilde: era filho de um ferreiro abusivo. Em 1514, advogou para o Cardeal Wosley. Sua ascensão ao poder foi rápida: estudou Direito, tornou-se membro do parlamento em 1523; em 1529, foi convocado com seus pares do parlamento por Henrique VIII, na tentativa de anular seu casamento de 20 anos com Catarina de Aragão, que não lhe dera filho homem. O que foi concedido, mas abaixo de ferrenha oposição. 

Por volta de 1530, Cromwell foi apontado como conselheiro real e em 1532, foi empossado primeiro-ministro do rei. Também nomeado como 1.º Conde de Essex, ajudou o Henrique VIII a casar com Ana Bolena. O casal tinha uma relação violenta e não tardou para que mais se divorciassem. Em mais duas oportunidade, Cromwell orquestrou divórcios do nobre com Ana Cleves e Catarina Howard, até que foi condenado à morte, em 1540.  

Cromwell, para muitos, é visto como oportunista. Mas a minissérie se afasta desse aspecto, trazendo uma complexidade ao ambicioso personagem, que precisa enfrentar a volatilidade do rei. Mas o interessante é entender o período: sem um herdeiro masculino, a morte de Henrique poderia gerar uma guerra civil. No fim, a trajetória política do estadista acaba se assemelhando as velas que iluminam as cenas noturnas: se apaga ao nascer do sol, sem deixar marcas profundas.