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Entenda o que são fanfics

  • Priscila Carvalho
  • 2 de set. de 2015
  • 3 min de leitura

Exemplo de fanfic disponível no site Spirit Rede Social de Fãs. Imagem: divulgação

Quem visita sites de cultura, entretenimento ou televisão, alguma vez já se deparou com um desses termos extraídos da língua inglesa: fanfictions, fanfics, fics. São designações para as ficções escritas por fãs. Nada mais que um jeito diferente de escrever.


Alguns historiadores afirmam que há registros delas no século XVII, com versões não-autorizadas do livro Dom Quixote de La Mancha, escritas em 1615 por um admirador de Miguel de Cervantes e publicadas antes do autor espanhol continuar a obra.


Cervantes odiou as histórias. A atitude do fã motivou o escritor a encerrar às aventuras de Dom Quixote e Sancho Pança na literatura. De lá pra cá, a busca pelo controle criativo não mudou muito.


Antes do advento da internet, eram populares as chamadas fanzines, revistas produzidas por fãs e uma das formas mais primitivas de fanfics. Isso vigorou entre 1970 e 1990 no Brasil. Logo a escrita colaborativa deu margem a compartilhamentos de diversos tipos.


Exemplos não faltam. A fita cassete com músicas gravadas direto da rádio na década de 80; o videocassete que memorizava conteúdo da TV em meados dos anos 90, e por aí vai. Hoje, há muitas formas de um fã expressar sentimentos a um produto cultural favorito.


"Impossível pensar na cultura de fãs sem a internet. Iniciou com fanzines de Star Wars e hoje ha vídeos com finais alternativos de filmes e séries. Além de fanfics, temos compartilhamento, armazenamento em nuvens e divulgação dessas narrativas", observa Daniel David Alves da Silva, pesquisador.


No livro Cultura da Convergência (2008), Henry Jenkins conta que as fanfics já tiraram o sono de George Lucas, criador da franquia Star Wars. Muitas vezes, Lucas tirou sites de fãs do ar por achar que as histórias desvirtuavam o universo da saga.


Outro célebre caso na indústria midiática é o da franquia Harry Potter. O estúdio Warner Bros já puniu muitos fãs que resolveram compartilhar suas experiências e expandir o mundo mágico do bruxinho em seus textos colaborativos.


Daniel encara as fanfics de outra forma. “São ótimos exercícios criativos e fixadores de conteúdo. O professor tem em mãos a possibilidade de tornar o assunto mais atraente, conquistar a atenção do aluno e ainda fazê-lo exercitar leitura e escrita”, argumenta.


Alguns escrevem histórias inserindo personagens originais; outros mesclam personagens de séries distintas; outros criam casais que nunca aconteceram na série. Ainda tem quem decida contar o que o autor original resolveu segregar.


“A boa fanfic sempre carrega resquícios da obra original. Faz o leitor enxergar os personagens e seu universo sem fazer muito esforço (mesmo quando o gênero não corresponda ao da fonte). O diferente está nos rumos dos personagens. A fanfic deve ser uma caixinha de surpresa”, defende Daniel.


A jornalista Katiúscia Vianna adora ler fanfics e participar de sites especializados. Conhecer esse tipo de escrita na adolescência permitiu-a ter outra visão sobre cultura de fãs. "Tornou-se não só um lugar de amor a alguma banda, filme ou série, mas um espaço para experiências, onde talentos podem surgir", comenta.


Embora os conglomerados de mídia estejam mais permissivos, é bom reforçar que a iniciativa não visa o lucro, muito menos surge para macular a obra original. "Fanfics não são uma tentativa de plágio ou forma de 'se aproveitar' de algo já criado. São declarações de amor ao objeto ali retratado", conclui Katiúscia.


 
 
 

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